sábado, 14 de março de 2009

Não me chame de hype

Finalmente depois de muita promessa e muito planejar, e por nós muito esperar, chegou ao ar o e-zine da colega Danielle.

E não venham me cobrar que eu nao prometi Zaranza! na versão e-zine para ninguém!!!! Mas um dia quem sabe rsssss

Você pode acompanhar o blog do zine através do endereço

http://naomechamedehype.blogspot.com/

e pegar aqui o download do seu exemplar #1

Boa sorte menias, e nos divirtam muito!!!!

Aproveitando o assunto segue um depoimento de Zeca Baleiro sobre ser hype.

A Cultura Hype


Vivemos hoje em pleno imperio hype. Tudo o que se cria, para ser aceito, deve ser atual, “moderno”, seguir a tendência, ser hype enfim. Ou hypado (leia-se raipado, se é que se pode ler isso!), para a desgraça da língua de Camões.

Ser hype ganhou tal importância em nossos dias que o neguinho já nem sabe julgar se a coisa é boa ou ruim. A ditadura do hype inibe o senso crítico. Parte-se da premissa que ser hype, é bom.
Eu e talvez uma dezena de pessoas saberemos fazer a distinção, mas o que dizer de um virgem e vulnerável adolescente de 15 anos, em pleno apogeu hormonal, com uma baita e urgente necessidade de afirmação social? Como essa criatura fará seu juízo?

Pois é disso (e de muitas artimanhas, claro!) que se valem produtores, empresários, marqueteiros e mesmo artistas, todo imbuídos de uma certa, digamos, consciência hype, para levarem a cabo sua cruzada atualista. Na perspectiva destes “atualistas”, o que foi feito há 3 anos já está datado, o “velho” não tem vez, tudo deve ser up to date.

Pois aqui vai o meu aviso aos navegantes hype: afastam-se de mim, pois quero viver para destruí-los, suas verdades convictas, suas teses bas-fond, suas receitas infalíveis, sua cataquese medíocre.

Que ninguém venha me dizer que o branco é hype, pois é a tendência do próximo verão. Ora, sempre usei branco e continuarei usando, conforme meu humor e gosto mandarem, e não o papa fashionista da vez. Que nenhum crítico de musica paulistano, com ambições e recalques nova-iorquinos venha profetizar os novos rumos do pop mundial, porque descobriu uma bandinha escandinava que mistura samba com polca e guitarras nervosas. Ora, tenha paciência, ouvi música popular, sei que é bom. A quem enganam esses Anchietas da cultura, a converterem jovens hesitantes para o seu convento de “velhas novidades”, sua doutrina ridícula, seu patético manual de atitude?...

Vivemos hoje uma vida tão programática que há de chegar o dia (se é que não chegou!) em que nos dirão o que comer (nutricionistas as pencas desabam todo ano das universidades dotados de informação acadêmica e ignorância), o que comprar (isso já nos dizem com cinismo e despudor inescrupulosos publicitários elevados à estatura de deuses do mundo moderno!), e também como trepar, o que vestir, como tocar, como cantar, como compor, como beber, como falar, como amar, como morrer...

Já antevejo o tempo que haverá algo como “death personal style”, com profissionais altamente gabaritados, que orientarão o sujeito a morrer da melhor maneira possível. Já ouço a surreal conversa:

- Não, não, enforcado não, enforcado é démodé. Ninguém mais morre enforcado!...

- E bala perdida, que tal ?

- Não, não. Com você morando em Sorocaba, improvável.... Teria que ir para o Rio, e a tendência do próximo verão é morrer na cidade natal, tá por fora morrer longe de casa.

- Hum, afogado talvez ?

- Talvez, talvez, se for na piscina de um hotel luxuoso, com uísque caro e muita cocaína... É, é isso, morte cult essa!

Zeca Baleiro
http://www2.uol.com.br/zecabaleiro/


Postado ao som de Zé Geraldo - Catadô de Bromélias

1 comentários:

Anônimo disse...

muito obrigada pela divulgação, sr. joão zaranza! não esqueci da colaboração, não! seu texto ainda está guardado comigo. a lena e eu vamos melhorá-lo, depois te entrego ;)
ah, também esperamos a sua colaboração no nosso zine =)